Hoje vamos falar de condições ginecológicas que são comuns no consultório!
Vamos começar pelos miomas. Os miomas uterinos são tumores benignos que afetam até 70% das mulheres em idade reprodutiva. Contudo, nem todas as mulheres com miomas terão sintomas. Na verdade, na maioria dos casos, os miomas são assintomáticos.
Aumento do fluxo menstrual, do volume abdominal, da frequência de urinar, dor pélvica crônica, abortos e eventualmente infertilidade são sintomas de miomas.
É possível classificar os miomas quanto à localização e a região da parede uterina que foi afetada. Cada tipo de mioma tem um tratamento específico, de acordo com o desejo reprodutivo da paciente. O tratamento depende da gravidade dos sintomas, do tamanho e localização dos miomas e da idade e planos reprodutivos da mulher. São possíveis tratamentos com medicações analgésicas e hormonais, além de embolização e retirada do mioma ou mesmo do útero.
Outra questão comum no consultório é a endometriose. A endometriose atinge 1 a cada 10 mulheres em fase reprodutiva, sendo responsável por até 50% dos casos de infertilidade feminina. Trata-se de uma condição em que o tecido que normalmente reveste o interior do útero (endométrio) cresce fora do útero, atingindo ovários, tubas uterinas, bexiga e intestino.
O principal sintoma de endometriose é a dor pélvica crônica, com cólicas muito intensas. O alto fluxo menstrual e irregular é também um dos sintomas comuns, assim como dor nas relações sexuais, para urinar e defecar. Em alguns casos pode haver infertilidade.
Existem quatro graus de gravidade da endometriose, de acordo com a quantidade de focos de endometriose, quais os locais atingidos, a profundidade dos focos e a dificuldade de remoção cirúrgica. O tratamento pode incluir medicamentos para aliviar a dor, terapia hormonal para reduzir o crescimento do tecido endometrial e, em casos graves, cirurgia para remover o tecido afetado.
Outra causa frequente de procura ao ginecologista é a incontinência urinária. Trata-se da perda involuntária de urina que pode ocorrer em várias situações comuns, como tossir, espirrar, rir, levantar-se ou fazer exercício físico. Cerca de um terço das mulheres um dia serão afetadas. A principal causa de incontinência urinária é o enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico devido à idade, gravidez, tipo de parto, menopausa, obesidade, cirurgia pélvica ou radioterapia.
O tratamento para a incontinência urinária podem ser exercícios de assoalho pélvico, medicações ou até mesmo cirurgia.
Como vimos acima, miomas e endometriose podem estar associados à infertilidade. A infertilidade atinge 15% dos casais, sendo metade dos casos devido a fatores femininos, ou seja, a alterações no sistema reprodutivo feminino. As principais causas femininas de infertilidade, além dos miomas e endometriose, são os ovários policísticos, ausência de ovulação, alterações anatômicas uterinas, obstrução tubária, entre outras questões. Todavia, o que temos observado é que a idade materna está cada vez mais elevada, com mulheres buscando a primeira gestação após os 35 anos.
Este ponto é importante porque as mulheres nascem com seu estoque de óvulos, ou seja, não há produção de mais óvulos ou renovação dos mesmos após o nascimento. Assim, ao longo da vida, as mulheres vão perdendo fisiologicamente centenas de óvulos todos os meses em cada ciclo menstrual. Esta perda pode ser mais acelerada de acordo com o estilo de vida e hábitos da mulher.
Além de perder gametas em quantidade, após os 35 anos há uma perda significativa na qualidade dos óvulos, com maior risco de transmissão de doenças de origem cromossômica, como a Síndrome de Down. Portanto, mulheres que desejem ser mães devem estar atentas à idade!