Seja bem-vinda à segunda parte dos artigos que buscam esclarecer os mitos e verdades sobre a endometriose. Caso você não tenha lido a primeira parte, ou queira acessá-la novamente, basta clicar aqui.
A endometriose é caracterizada pela presença de células endometriais, semelhantes ao tecido que reveste o útero preparando-o para uma possível gravidez, em partes do organismo nas quais elas não deveriam se manifestar. A causa para essa condição ainda não é completamente conhecida, o que sabemos é que aproximadamente 10% da população feminina mundial sofre com essa doença.
A seguir, compartilhamos com vocês informações importantes para que cada vez mais mulheres, e também amigos e familiares, estejam melhor informados sobre a endometriose e suas consequências.
Apenas mulheres entre 30 e 40 anos são afetadas pela endometriose?
Não. Um estudo chamado Global Study of Women’s Health realizado em 2011, acompanhou mulheres de 10 países e analisou como a endometriose impactava suas vidas.
A pesquisa apontou que dois terços das pacientes que sofriam da doença já haviam buscado ajuda médica devido aos incômodos sintomas antes mesmo de completarem 30 anos. Muitas delas alegavam sofrer com as manifestações dolorosas da endometriose desde seus primeiros ciclos menstruais.
O estudo concluiu que há um atraso de 8 a 12 anos entre a aparição dos primeiros sintomas e o diagnóstico da doença.
Percebemos dessa forma como a desinformação sobre a endometriose e consequentes diagnósticos tardios podem ser prejudiciais ao extremo para as pacientes. Fato que nos leva ao nosso segundo tópico.
É possível que a endometriose alcance outros órgãos caso não seja tratada?
Sim. A endometriose é uma doença de caráter progressivo e a ausência de tratamento, ou mesmo uma intervenção inadequada, pode fazer com que os tecidos parecidos com o endométrio, alcancem diferentes regiões do corpo e, assim, surjam novos focos da doença. Geralmente os órgãos mais afetados são o intestino, bexiga e ovários.
Dores crônicas e infertilidade podem ser outras complicações indesejadas. Portanto, ao sentir qualquer um dos sintomas da endometriose, procure seu médico de confiança imediatamente.
A retirada do útero (histerectomia) é a cura da endometriose?
Nem sempre. A histerectomia é a medida mais extrema que pode haver em um tratamento de endometriose. Entretanto, vale ressaltar que os cientistas ainda debatem sobre a “culpabilidade” do útero no desenvolvimento da doença. Afinal, não há comprovação científica de que o tecido encontrado nos focos da doença seja exatamente igual ao tecido que reveste o útero para facilitar a implantação do embrião (endométrio).
Também é importante dizer que a retirada do útero deve ser acompanhada da eliminação total dos focos da doença, caso contrário é possível que a doença persista no organismo.
Uma decisão dessa magnitude deve ser analisada de forma responsável, pois essa cirurgia é irreversível e sem o útero é impossível para a mulher gerar uma nova vida. Caso também seja cogitada a retirada dos ovários é preciso levar em consideração a menopausa precoce e a consecutiva perda da fertilidade. Sendo assim, o aconselhamento médico ético e profissional é imprescindível para que a melhor resolução seja empregada com o propósito correto.
Mulheres com endometriose têm mais chances de desenvolver câncer de ovário?
Não necessariamente. Muitas vezes as pacientes diagnosticadas com algum tipo de endometriose ficam preocupadas se existe uma relação entre essa condição e o câncer de ovário.
Existem pesquisas que afirmam existir alguma correspondência entre a endometriose e esse tipo de câncer. Entretanto, o risco é bastante pequeno se levarmos em consideração que a incidência de tumores nos ovários é bastante pequena, enquanto a endometriose é uma doença bastante comum.
Também é válido observar que existem outros hábitos e condições que devem ser considerados quando o tema é câncer de ovário. Ser fumante, ter feito terapia de reposição hormonal, possuir histórico da doença na família e estar acima do peso são outros fatores de riscos que podem prejudicar a saúde das glândulas do aparelho reprodutor feminino.
Gravidez pode curar endometriose?
Não. Existe a possibilidade de que a gravidez, assim como os tratamentos hormonais, suspenda os sintomas da doença de forma provisória, porém não os extingue em definitivo. O mais comum é que, após o parto, os sintomas voltem a se manifestar.
Em alguns casos a lactação também possui o mesmo efeito de suspensão efêmera dos sintomas, mas apenas enquanto a regularidade da amamentação for capaz de interromper as menstruações.
Esperamos que esse artigo tenha ajudado a compreender melhor alguns aspectos dessa condição que compromete a qualidade de vida de tantas mulheres.
Não hesite em perguntar e tirar suas dúvidas. Priorize sua saúde!