A dor pélvica crônica – também conhecida pela sigla DPC – é responsável por causar angústia e diminuir a qualidade de vida de muitas mulheres.
É muito comum as pacientes relatarem insatisfações com o processo diagnóstico e o tratamento recebido na busca de resolver o problema dessa condição.
Em casos assim, os cuidados precisam ser individualizados e feitos a partir de uma abordagem multidisciplinar. Os profissionais da saúde especializados nessa área devem estar atentos aos sintomas relatados e valorizá-los corretamente para que possam indicar as melhores formas diagnósticas e posteriores tratamentos.
A dor pélvica crônica é caracterizada por sintomas dolorosos que têm origem nas estruturas e órgãos pélvicos, com duração igual ou maior que 6 meses.
A prevalência pode chegar a 26,6% das mulheres em idade reprodutiva e a taxa de recorrência ao longo da vida pode atingir a marca de 33%.
Entre 10% e 20% das queixas em consultas ginecológicas dizem respeito a essa enfermidade e caracterizam frequentes indicações de procedimentos diagnósticos e cirúrgicos.
As Causas da Dor Pélvica Crônica
As causas da DPC podem ser ginecológicas, gastrointestinais e urológicas. Em alguns casos não é possível detectar motivos orgânicos pelos métodos diagnósticos e, em outras ocorrências, é possível que haja mais de uma causa.
As reações das pacientes à dor pélvica crônica podem fazer com que adotem determinadas posturas que às vezes pioram os quadros de dor. Caso a paciente sofra muito tempo com esses incômodos severos, a parte emocional também é capaz de agravar a situação.
A classificação das causas de dor pélvica crônica são as seguintes:
- Ginecológicas: podem ser desencadeadas por endometriose, miomas, adenomiose, aderências peritoniais, cistos anexiais, varizes pélvicas e infecções;
- Gastrointestinais: síndrome do intestino irritável, constipação crônica, câncer intestinal, inflamações, causas osteomusculares e psicológicas;
- Urológicas: infecção urinária de repetição, cálculos e câncer de bexiga.
Dor Pélvica Crônica de Origem Ginecológica
Os relatos clínicos apontam que de 30% a 70% das pacientes com DPC sofrem de endometriose. Essa causa de dor pélvica crônica está diretamente relacionada ao período menstrual e também com dores durante as relações sexuais.
Por outro lado, a doença inflamatória pélvica acomete cerca de 30% das pacientes com dor pélvica crônica. Nesses casos, as inflamações podem ser secundárias a aderências e acúmulo de líquido dentro das trompas (hidrossalpinge).
As aderências, por sua vez, podem ser resultantes de processos de cicatrização causados por endometriose, cirurgias prévias e infecções. Também podem alterar o funcionamento do intestino.
As varizes pélvicas são outro possível motivo para a dor pélvica crônica ao desencadear uma congestão na pelve causada pelas dilatações das veias da região.
Diagnóstico
A história de vida da paciente pode dar pistas valiosas durante a anamnese e, junto com exames físicos detalhados, são o melhor caminho para descobrir a causa da dor pélvica crônica.
É fundamental que as pacientes observem a si mesmas e tentem relacionar a dor com atos como urinar, evacuar ou mesmo ingestão alimentar. Perceber outros gatilhos que possam piorar ou melhorar os episódios de dor, como determinados medicamentos ou posições, também é muito importante.
Caso a paciente tenha endometriose, o exame de toque muitas vezes é capaz de detectar aderências e nódulos. Já no caso de miomas ou adenomiose, o útero pode estar dilatado.
Tais observações são fundamentais na trilha correta para um diagnóstico assertivo.
Exames Complementares
Os exames complementares devem ser pedidos conforme as possíveis suspeitas. Assim, torna-se menos complicado identificar ou excluir as causas frequentes.
Além dos exames de urina, podem ser necessárias a realização de um ultrassom transvaginal ou de uma ressonância magnética.
Tratamentos
Os tratamentos adequados são relativos, pois dependem das causas e das particularidades dos quadros de cada paciente.
É muito importante procurar especialistas além da ginecologia para afastar todas as possibilidades e chegar a conclusão de um diagnóstico correto.
A abordagem multidisciplinar também é uma excelente forma de otimizar os tratamentos. Com auxílio de fisioterapeutas e nutricionistas, por exemplo, é possível melhorar a qualidade de vida das pacientes a partir da recomendação de exercícios físicos e de uma alimentação balanceada.
Em caso de dúvidas, consulte sempre os especialistas de sua confiança. Não deixe de realizar os exames de rotina e esteja atenta aos sinais que seu corpo lhe envia.
A sua saúde deve ser tratada como prioridade, não se esqueça.